quarta-feira, 3 de novembro de 2010

"Mito, Grécia Antiga, Contemporaneidade". Tony Craus

Mito, Grécia Antiga, Contemporaneidade.
Tony Craus

Resumo

Trata-se de uma narração histórica mitológica. Tudo vai se iniciar com o “Caou”, passando pela geração do mundo, as lutas pelo poder, as artimanhas e os castigos, até chegar no mundo onde os homens estão instalados e como o grego conhece. Daí pra lá, serão abordados os costumes gregos. O caminho a ser percorrido fará uma demonstração de como os mitos estão impregnados em toda cultura grega antiga, o mito é mais que uma religião, é a própria forma de vida, é a realidade que salta aos olhos.
 Tentar-se-á demonstra que esta mitologia, embora não seja como a originária, perpassou seu tempo e ainda hoje somos colocados diante destas narrativas, seja em jogos de vídeo game, em filmes, desenhos animados que se utilizam de um personagem mitológico em seus episódios, propagandas de televisão etc. Por fim se faz uma sugestão de como estás narrativas podem ser utilizadas em um primeiro momento nas aulas de filosofia, servindo os mitos como ponto de partida, uma vez que eles não são estranhos aos jovens educados. Podendo o educador fazer ligações com outros ramos da filosofia e migrar para outros assuntos a partir da mitologia.
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Se fosse possível perguntar para um grego que viveu no período clássico  como se deu a formação do mundo. Essa resposta viria cheio de aspectos mitológicos. Falar em mito, não é falar em histórias da carochinha, para cultura que participa do mito, ele é o real que salta aos olhos.

Voltando a questão: como se fez o mundo, como a vida se originou, no ponto de vista do grego antigo? Está resposta é carregada de mitos, e esses mitos dão conta de toda a existência da vida e do mundo como o grego conhece. O que vai seguir é uma demonstração de como o mito influenciou no cotidiano do grego, nas relações de um cidadão com o outro, na expansão territorial, na defesa da cidade, na guerra, na agricultura, no amor, nas artes, no mundo como ele, o grego, entende, enfim, toda a realidade do grego antigo é de alguma forma, vazada pelo mito.

Segundo o grego antigo, no inicio não existia nada além do Caos, o Caos era uma massa desformica, cinzenta, onde a harmonia não se fazia presente, seu interior era um espaço de queda sem fim, sem fundo. Além do Caos nada existia. Em dado momento, essa massa originaria, gerou de si mesmo Gaia, que é o planeta Terra. Estas entidades vão se relacionar, deste relacionamento nasce Urano, que é o espaço a cima de nossas cabeças. Gaia e Urano se completam. De forma que para cada pedaço de terra existe um pedaço de céu. Eles vão se unir em um relacionamento, onde Urano não se desunirá mais de Gaia por livre vontade. Urano temia perder seu trono, e sabia que um de seus filhos poderia querer tomar o poder, o fato dele não se desacoplar mais de Gaia é estratégia, uma vez que seus filhos não podem nascer, pois não existe passagem, não há a possibilidade dele ser destronado.

Urano não contava com a cólera de Gaia, que se sentindo inchada, com fortes dores de parto, os filhos lhe pesava, a incomodava, ela sentia a necessidade de dar a luz. Gaia vai tramar contra o marido, ela vai convocar os filhos a castrarem o pai. Seus filhos são os Ciclopes, os Cem Braços, os Titãs, e as Titânidas. Somente o titã Cronos atende ao apelo materno, seus irmão sentem medo e preferem não interferir no relacionamento de seus pais. Cronos então castra o pai com um material forjado por sua mãe, pega o membro viril de seu pai, agora amputado, e o lança no mar. Neste movimento nascem novas entidades: do sangue que jorra de Urano sobre Gaia, nascem as ninfas e os gigantes, criaturas que já nascem adultas, prontas para a guerra. Além desses, também nascem as Erínias, essas entidades são responsáveis pela vingança. Futuramente, quando existir a vida humana na terra, são as Erínias que vão vingar as pessoas das injustiças cometidas. Tratar mal um mendigo, matar um parente, são o tipo de atitude que atraem as Erínias, e elas não deixam de assombrar o malfeitor nem no Hades. Observe que essas entidades dizem respeito a criaturas violentas, ou prontas para guerra, ou para vingança. Do membro viril de Urano que é arremessado por Cronos no mar, nasce a deusa Afrodite, que se tornará uma deusa Olímpica. Os atos violentos de Cronos não param por ai, após destronar o pai, Cronos vai aprisionar os irmão no Tártaro, esse (o Tártaro) é uma parte da Terra que se assemelha ao Caos, sendo ela (Gaia) descendente direta do Caos, o Tártaro é a parte da hereditariedade que ela herda dele. Os únicos que caminharão na face da terra tendo como governante Cronos, serão os seus irmão semelhantes, os titãs e titânidas.

Assim está posto um novo governo e um novo governante. Gaia e Uranos só se relacionarão durante as chuvas fecundas, possibilitando assim o nascimento da relvas e florestas na terra.

Cronos não querendo ser destronado, adota uma postura semelhante a de seu pai, optando por não deixar seus filhos virem a ser, a diferença é que Uranos não se desacoplava de Gaia, impedindo assim que seus filhos nascessem, Cronos deixará seus filhos serem paridos, porém, os devorara logo após o nascimento.

Suas esposa Rea, indignada com a violência do parceiro, igual a Gaia, tramará contra o marido, e vai esconder o filho mais novo após o nascimento. Entregando a Cronos uma pedra, sem que ele perceba, para ser devorada no lugar do filho.

O filho mais novo, Zeus, é criado em segurança numa gruta por ninfas, no momento oportuno, Zeus desafiará o pai, antes, ele tem a idéia de dar um antídoto, um vômito a Cronos, para ele lançar os filhos na terra, para isto, Zeus contará com a ajuda de Rea. Dado ela o antídoto a Cronos, e sendo os filhos libertados do pai, se inicia uma guerra que durará dez longos anos, sendo que um longo ano pode durar de cem a mil anos.

No final, Zeus e seus aliados vencem o confronto, pesou na balança a ajuda que Zeus recebeu do titã, Prometeu, que se volta contra Cronos e vai auxiliar Zeus no âmbito político, Zeus liberta seus tios, que foram aprisionados no Tártaro por seu pai, recebe o Raio como presente e se torna invencível.

Zeus vai fazer o movimento de dividir o poder entre seus aliados. Cada deus terá seu campo de atuação reservado. Zeus dividirá também o governo do espaço físico com seus irmão, a Posêidon caberá governar nos mares, ao deus Hades, é concedido o próprio Hades (local reservado as almas após a morte), a Terra e o Olimpo serão um território comum a todos os deuses, e o vasto céu ficará sob o governo de Zeus, o deus supremo e inigualável.

Porém Zeus não é tão diferente de Urano e Cronos, em dado momento Zeus vai perceber que um herdeiro dele com a deusa Métis, poderia ser mais poderoso que ele, e poderia destrona-lo, uma vez que Zeus era o deus mais potente e muito ardiloso, sendo a deusa Métis a mais sabia entre os deuses, esse filho poderia ser mais poderoso e sábio que o pai. Então Zeus começa um jogo ardiloso com a esposa visando derrota-la, em um jogo de palavras e provas ele convence Métis a se transformar em água dentro de um copo, neste momento, Zeus a engole com o filho no ventre. Não sabia ele que tempos depois, esse filho (Atenas) nasceria dele mesmo. Sentindo fortes dores de cabeça, Zeus chama os deuses para socorrê-lo, neste momento Atena explode de sua cabeça, ela é a deusa da justiça, que nasce com o escudo e a lança empunhados e o elmo na cabeça.

Feita a separação entre os deuses, chegou a vez da demarcação de diferença entre os homens e os deuses.

Diz o mito, que na época de ouro, os deuses e os homens habitavam juntos na terra, eles banqueteavam e bebiam juntos, os alimentos sempre estavam à mesa, ninguém os colocava ou tirava, as coisas aconteciam assim mesmo, a terra dava seus frutos sem nenhum esforço humano, e as coisas se organizavam na mais perfeita harmonia. A vida do homem era banquetear e desfrutar da companhia dos deuses, eles passavam o dia todo em festa escutando as musas cantarem as histórias e as aventuras dos deuses. Nesta época a muito passada, não existia o sexo feminino da criatura humana, só existia o gênero masculino desta espécie, observe que o sexo feminino já existia, temos a própria Gaia, as ninfas, as titânidas, as deusas etc.

Os homens nasciam diretamente de Gaia, eles simplesmente levantavam da terra e saiam andando, não existia a infância, os homens já nasciam adultos, não havia também a morte, em dado momento o homem se deitava, adormecia, e ia desaparecendo. Se tratava de um tempo majestoso.

Zeus, sentindo a necessidade de fazer uma demarcação visível entre os homens e deuses, vai convidar o titã Prometeu a realizar o tal diferencial.

Não que os homens de Alguma forma pudessem ser confundidos com os deuses, embora ambos tenham a mesma origem, a mesma mãe, não seria errado afirmar que de fato, os homens tem algo de divino, assim como os deuses tem algo de mundano. Porém, os homens são limitados, fracos, e tem uma duração. Os deuses não são infinitos, mas são a negação dos homens, poderes, potência, força além da força, eternidade, plenitude, se alimentam de ambrosia e néctar, tudo isto faz parte do mundo dos deuses e os tornam o que são.

O titã Prometeu foi escolhido por Zeus para demarcar esta diferenciação entre deuses e homens, os próprios homens não poderiam faze-lo, pois não tinham competência para isto, se os deuses o fizessem, seria uma covardia, nada mais justo que um titã para resolver tal questão. Prometeu era um titã que tinha grande afeição pelos homens, e decide fazer a diferenciação de forma a favorecer os homens. Em um altar, o titã vai sacrificar um touro, desnudará os ossos maiores do touro e fará um embrulho em volto de gordura, isso fica agradável aos olhos. A carne do animal, ele colocará dentro do estomago da vitima e o costurará, fazendo um embrulho medonho, repugnante aos olhos. Terminado este movimento, Prometeu convidará Zeus a escolher um dos embrulhos em nome dos deuses. É claro que Zeus percebe as artimanhas do titã, e resolve fazer seu jogo, escolhendo o embrulho que este confeccionara de forma agradável. Antes porém do ato ser consumado, Zeus pronunciará: “ Ah Prometeu, você que é tão ardiloso, fez uma divisão tão desigual.” Escolhendo Zeus o belo embrulho e constatando que ali só haviam ossos, se enfurece contra o titã, não pelo fato dele ter enganado o deus, mas por julgar que poderia fazer isso. Os deuses não se alimentam de carne, eles se alimentam de ambrosia e néctar, quando Zeus escolhe os ossos, ele sabe o que está fazendo, os ossos são o que mais se aproxima da imortalidade no homem, é aquilo que fica após o apodrecimento da carne, é o que da forma ao corpo, de fato, Zeus não tinha nenhuma intenção de ficar com a carne do animal, mas se zanga com a tentativa do titã de ludibria-lo.

Zeus resolve punir os homens para castigar a Prometeu. Zeus vai retirar da terra o fogo, o mesmo fogo que se utilizava no alto Olimpo, os homens terão que comer seus alimentos crus. Prometeu vai até o Olimpo, como quem não quer nada, e rouba uma semente do fogo de Zeus, e o da aos homens. Esse fogo porém é diferente, tem que fazer o movimento de nascer, se nasce, pode vim a morrer. Ele fogo não tem medida, tem que ser alimentado dia pós dia, caso contrário, se apaga, morre, o fogo consome tudo que lhe é oferecido, não tem controle, destrói florestas, casas e cidades, e no final, ele sempre quer mais, nunca se sacia.

Do auto Olimpo Zeus percebe que o fogo se faz presente na terra, e que os homens, com algum custo, conseguem desenvolver uma técnica para controlá-lo. Zeus, achando a condição humana agradável, resolve pregar uma peça em Prometeu, Zeus convocará outros deuses para confeccionar Pandora, a primeira mulher, linda, admirável, um presente impossível de se negar. Pandora é dotada de um corpo maravilhoso e um espírito de cadela, de ladra, os homens desejam aquilo que deveriam temer. Semelhante ao fogo, Pandora não tem medida, é insaciável, a tudo consome e no final sempre quer mais. Com Pandora nascem os males que a humanidade vai conhecer, o nascimento não se dá mais por Gaia, agora a procriação vem da própria espécie, com isso as doenças, o cansaço, os acidentes e a morte passam a fazer parte do cotidiano humano.

Se percebe que o movimento de confecção de Pandora é semelhante ao primeiro embrulho que Prometeu fez, uma coisa bonita por fora, que é outra coisa, um engano, uma mentira por dentro, com isso, o titã é enganado a sua maneira.

Assim se daria a explicação de como o mundo vem a ser na concepção do grego. É claro que os mitos gregos não param só na explicação da formação do mundo, é muito mas que isso, esses mitos são usuais, estão no dia a dia do grego antigo, é impossível se comunicar com um cidadão grego, sem se levar em conta seus mitos, pois são esses mitos que movimentam a cidade e a vida do individuo. Existem deuses para tudo, para guerra, para agricultura, para caça, deuses do amor, deuses da justiça etc. não se faz nada sem antes honrar os deuses. Os deuses são da cidade, não existe cidade sem entidade protetora. A primeira pedra da construção de uma cidade é o altar. Todas as cidades tem um templo, não servindo este templo de um ambiente que se utilize para cultuar o deus, não é uma igreja, esse templo é um local publico, onde o deus se instala, se trata da morada do deus. No templo é colocada uma estatua do deus, esta estatua não representa o deus, ela é o próprio deus, um deus passa a habitar em um objeto quando este lhe é consagrado, assim, o individuo pode ter o deus em ambientes dentro de sua casa. O altar é exterior ao templo, e vai servir de local para se festejar e honrar o deus. As festas, ou honrarias, aconteceram em grande parte no formato que o titã Prometeu fez. Inicialmente se pega um animal, na maioria das vezes caseiro, o mais nobre é o boi, mas cabras são muito utilizadas também. Se leva este animal até o altar com muita musica, vinho e festa, chegando no altar, o animal é degolado, uma pequena espada (mochaira) corta o pescoço do animal, o sangue que jorra é lançado sobre o altar, quando o sangue vai escorrendo, ele é armazenado dentro de um jarro. O fígado do animal é analisado para vê se o sacrifício é aceito pelos deuses, se for, seus ossos maiores são desnudados, envoltos em gordura e ervas aromáticas, e são queimados, o sacrifício sobe em forma de fumaça para os deuses, neste mesmo fogo que se queima os ossos maiores dos animais, se grelha a carne, e é feita uma refeição entre todos os participantes ali mesmo, esta é a forma de se comunicar e honrar os deuses.

Esses mitos também vão explicar a potência de outros homens muito extraordinários para serem vistos como homens, se trata dos heróis. Eles são filhos de deuses com humanos, mortais como os homens, mas com um diferencial que lembra um deus, podem ser citados exemplos como Aquiles, que na guerra de tróia é o melhor dos guerreiros, ou Hercules, o mais forte de todos os homens.

Está religião não se preocupa com questões individuais, o homem não se preocupa com o percurso de sua alma, até porque só existe um caminho possível após a morte, que é o Hades, a preocupação do grego é com a polis. Sua religião também não conta com uma escritura sagrada, ela é usual, transmitida de geração em geração. O grego não conta com uma casta sacerdotal, qualquer cidadão grego pode presidir uma cerimônia, desde que conheça uma serie de narrações dos mitos, isso é o suficiente para o cidadão presidir um ritual.

É perceptível que muita coisa desta cultura extraordinária se perdeu, mas muitas de suas narrações perpassaram o tempo, e continuam vivas e mexendo com o imaginário de muitos de nossos contemporâneos, não são poucos os exemplos que podem ser dados de criaturas mitológicas que fazem parte de nosso dia a dia, seja nas propagandas de televisão, onde uma criatura é re-apropriada (Centauro), sejam nos filmes e minisséries (Fúria de Titãs, Hercules etc.), em material esportivo (Minotauro), ou desenhos animados (ai os exemplos são inumeráveis), em jogos de vídeo game (O Deus da Guerra) etc.

Chama a atenção em como estas narrações mitológicas, podem ser utilizadas em um primeiro momento nas aulas de filosofia, uma vez que isso faz parte do cotidiano do individuo educado, existe uma possibilidade muito maior dele achar tais questões interessantes, do que se manter apático a tal estudo. Pois pergunte a adolescentes, que assistiram ao ultimo filme que tratava sobre seres mitológicos, se eles gostaram ou não. É possível de se ter um ponto de partida prazeroso na área da educação, e a partir dai migrar para outros ramos da filosofia.
  dultas, prontas para a guerra.  guerra. infas e os gigantes, criaturas que j. comodavam o poder lseirfguçl\gç\lfgu


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